17/10/2009

A arca dos meus pequenos tesouros

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Acho que não me agrada a expressão: «baú das minhas memórias» - talvez, a associe (erradamente), a mofo, a naftalina, - pedaços de Tempo apodrecidos - histórias de vidas que já não respiram...
Eu prefiro chamar-lhe, «arca dos meus pequenos tesouros». Tenho uma, e agrada-me que não cheire a mofo e naftalina - talvez porque, o(s) pedaço(s) de Tempo(s) que ali guardo, cubram apenas o seu fundo, ou ainda, porque tristezas ali não hajam, somente alegrias...
Mas... sinceramente, não tenho pressa nenhuma... de a ver cheia.
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Na arca dos meus pequenos tesouros, não há ouros, nem pratarias, há cartas, muitas cartas... onde a palavra saudade é infinitamente repetida, que em barcos de papel, muito mar navegaram, até às minhas mãos aportarem...
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Gosto de pedir licença ao Tempo, que em minha arca habita, que me empreste, apenas por breves instantes, todos os beijos ainda molhados, todos os sonhos, todos os rostos iluminados, todas as terras que já vi, todos os abraços muito muito apertados...
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De Tempos-a-Tempos, sabe-me bem, acariciar as , (ainda), ténues rugas da pele do meu Tempo...
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Texto e fotografia: Walter