07/06/2014







 
 
 
 
 
 







Até Amanhã
 
 
 
Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.
 
É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.
 
É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.
 
Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.
 
 
Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã"

 
 









Ao jovem, que acedeu gentilmente colaborar nesta página, emprestando o seu rosto para ilustrar um poema de Eugénio de Andrade, o meu muito obrigado.


 
 


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fotografia de Fernando Pedrosa