31/07/2009

Porto Santo - A Ilha Dourada

Por duas vezes visitei a paradisíaca ilha de Porto Santo, poucos anos atrás... Situa-se esta em pleno oceano Atântico, fazendo parte do arquipélago da Madeira e a uma distância desta de 50klms a nordeste.
Com um comprimento apróximado de 11,5 klms por 6 de largura, tem uma população na ordem dos 5000 habitantes.
Esta foi a primeira de todas as illhas descoberta pelos navegadores portugueses. Aqui aportaram, em 1418, Bartolomeu Perestrelo, Gonçalo Zarco e Tristão Vaz.
A origem do nome de Porto Santo, diz-nos a História, que aqui terão encontrado "porto seguro", os navegadores que após violenta tempestade, os terá afastado da rota pretendida. Diz-nos a História também, que Porto Santo terá sido saqueado inúmeras vezes por pirátas e corsários, levando consigo tesouros e pratarias, indo mesmo a extremos, chegavam a incendiar os edifícios da ilha - situação penosa para os seus habitantes, que em pânico fugiam em debandada para o Pico do Castelo, um dos pontos mais elevados da ilha.
Na sua pequena capital - Vila Baleira, perto do porto de abrigo, tive a oportunidade de visitar a casa de Cristóvão Colombo, do séc. XV, onde o Descobridor terá vivido, depois de ter conhecido em 1478 o Governador Bartolomeu Perestrelo e que supostamente, Colombo terá contraído matrimónio com a sua filha Filipa Moniz em 1480.
Aqui em Porto Santo, Colombo, reforçou e aprofundou os seus conhecimentos náuticos e foi alicerçando outros projectos com vista à descoberta de "outros mundos". Do espólio da casa de Colombo, transformada em "casa museu", destacam-se antigos mapas da Madeira e da América, acompanhados por gravuras históricas, que representam visões românticas da chegada dos europeus às "distantes Indias". Possui ainda, uma vasta colecção de retratos de Colombo, datados entre os sécls. XVI a XX.
Também em Vila Baleira, é de conhecer a sua igreja matriz do séc. XV e o Forte de S. José do séc. XVIII.
Ao percorrer a distância que separa a cidade do Funchal da ilha de Porto Santo, num vôo que dura apróximadamente 15 minutos, tenho aí a primeira visão geral de toda a ilha - uma mancha de terra em tons castanhos e amarelos, que se eleva em cumes esbeltos e nus e que em suas bases se esbatem planícies levemente onduladas, emolduradas por um mar de um azul profundo, manchado de turquesa nas próximidades da costa.
Recordo que ao vislumbrar o perfil da ilha, através das janela do pequeno avião, ter sido acometido por imagens da Obra de Salvador Dali - paisagem surrealista, excêntrica, nua e agreste, vestida de tons dourados e inundada de claridade... percebi logo aí, porque lhe chamam a "Ilha Dourada".
Porto Santo possui uma extensa praia com cerca de 9 klms de areal, a quase totalidade do seu comprimento, virada a sul, já que a norte o recorte da costa é de corte abrupto. As qualidades terapêuticas das suas areias douradas e macias, na cura do reumatismo e outras doenças, já alcançaram fama internacional. A comprovar o facto estão os estudos efectuados pela Universidade de Aveiro.
Mas sem dúvida, que um dos muitos actráctivos da ilha passa também pelos muitos e variados percursos que se podem efectuar, utilizando as mais diferentes formas de locomoção e que aqui,
com facilidade se alugará qualquer tipo de veículo, incluindo os de (quatro pátas).
Começando pelo lado norte, destacam-se a zona da Fonte da Areia e a fabulosa panorâmica que se pode vislumbrar do alto dos seus picos, entre eles o da Atalaia e Facho. Imperdível também, a Ponta da Calheta e da Canaveira, o farol do Ilhéu de Cima, o miradouro da Portela, o Pico do Castelo, (onde se situa uma pequena fortaleza do séc. XVI), o Pico de Ana Ferreira, do qual se avista o Ilhéu de Fora, e os picos mais altos de Porto Santo: Ilhéu de Baixo (ou da Cal) e o Zimbralinho.
Devo dizer que para subir aos picos, o ideal será fazer os percursos a pé pelos trilhos assinalados, caso contrário, poderão ter de encostar a bicicleta, (como me aconteceu), isto se a resolverem alugar, assim como motorizadas, ou ainda passeios de jipe... Depois é arranjar pernas e ir à aventura... a recompensa final nos é dada, pela espéctacularidade das panorâmicas que se observam do alto dos seus cumes.
O lado sul é bem mais fácil de percorrer, neste caso de bicicleta, algumas subidas, mas à medida que nos vamos apróximando da praia, podemos fácilmente ir de uma ponta à outra sempre em estrada plana, absorvendo toda a beleza da ilha, ladeada a norte pelos seus picos esbeltos, e a sul,
por um mar sereno, repousante de um azul intenso, como poucos que vi até hoje.
Estive em praias do Brasil e Caraíbas (lindas de doer...), como falam nossos irmãos brasileiros, mas... defenitivamente, esta está no topo... este é o meu mar, a minha ilha paraíso, que sendo nua é ainda mais bela. Seus picos são como seios de sereia, despontando das águas do mar, desafiando os amantes da vida, da natureza, da arte, para a sua contemplação e inspiração.
Teria Dali passado por aqui? Eu passei duas vezes, e tál como diz o ditado: "não há duas sem três".
Texto e fotos: Walter