HOMEM COM PÉROLAS DE ORVALHO
Eu acordo as madrugadas orvalhadas de pérolas e na loucura
da embriaguez da luz cristalina, tomo-a como vinho doce e desteço
as noites mais escuras - palavras e raízes talhadas no meu rosto
e nas minhas mãos, a golpes de espadas de vidro e todo o universo
se abre em mim e é capa que me cobre e me protege e eu canto,
para chamar os pássaros, o azul do firmamento, o alimento, a frescura
dos rios e os caminhos orlados de amoras silvestres e rosmaninho.
E não quero mais nada para mim, nem a piedade de homens bondosos
tornados deuses, nem todo o oiro que cobre os ossos dos inocentes
atirados ao fundo dos poços sagrados.
Sou apenas um homem com pérolas de orvalho, pastor peregrino
nas várzeas verdes e nos vales em flor e tudo o que possuo a mim me
basta - o meu rebanho e o meu cajado, com que derrubo as taças
da ira e do fel, a serem o mel do chamamento do meu inocente
cordeiro aos altares da degolação.
Fernando Pedrosa
e nas minhas mãos, a golpes de espadas de vidro e todo o universo
se abre em mim e é capa que me cobre e me protege e eu canto,
para chamar os pássaros, o azul do firmamento, o alimento, a frescura
dos rios e os caminhos orlados de amoras silvestres e rosmaninho.
E não quero mais nada para mim, nem a piedade de homens bondosos
tornados deuses, nem todo o oiro que cobre os ossos dos inocentes
atirados ao fundo dos poços sagrados.
Sou apenas um homem com pérolas de orvalho, pastor peregrino
nas várzeas verdes e nos vales em flor e tudo o que possuo a mim me
basta - o meu rebanho e o meu cajado, com que derrubo as taças
da ira e do fel, a serem o mel do chamamento do meu inocente
cordeiro aos altares da degolação.
Fernando Pedrosa
Fotografia de Fernando Pedrosa